RESENHA :A Primeira
Conferência Brasileira de Proteção à Natureza e a questão da Identidade
Nacional
AUTOR do ARTIGO: JOSÉ LUIZ DE ANDRADE FRANCO
Doutor em História Social e das Idéias pela
Universidade de Brasília (UnB)
e professor da União Pioneira de Integração Social
(UPIS)
O artigo escrito por José Luiz de Andrade Franco pretende expor e
analisar pensamentos e propostas formuladas na primeira conferência realizada
no Brasil com o tema sobre proteção da natureza. Nesta conferência começa a ser
construída a ideia de nacionalidade e a busca pela identidade nacional, propondo
uma modernização da sociedade.
A movimentação intelectual,
politica e cientifica que envolvia o contexto da organização da conferencia pelo
grupo Sociedade Amigos das Arvores, com apoio do Museu Nacional, tendo como
relator Alberto Jose Sampaio, gira em torno da busca de uma politica voltada à
conservação do patrimônio natural brasileiro.
A preocupação com os
problemas florestais justifica a organização da conferencia, diante disso
Leoncio Correa presidente do grupo Sociedade Amigos das Arvores, esclarece que
discutir as alternativas para proteção é prioridade dos países civilizados. O Brasil
estava caminhando para esse entendimento com a realização da conferência.
Diante disso a primeira conferencia significa a projeção do país no grupo de
países que desenvolviam pesquisas no campo da proteção ambiental e se preocupavam
com os recursos naturais e a tentativa de conscientizar os líderes da nação da
importância da temática ambiental.
O artigo oferece além dos trabalhos
apresentados na conferência, as análises dos projetos internacionais das ações
dos países lidando com o problema do meio ambiente, as elaborações das leis e
seu cumprimento e a punição aos que as desrespeitam. Citam as criações dos
parques nacionais como iniciativa de proteção. Os parques tornaram-se modelos
de preservação. Havia pesquisa apresentada nessa conferencia que descreviam os
modelos usados internacionalmente para proteger a natureza em outros países. Perante
a devastação que ocorria em vários locais brasileiros, intensificava a luta
pelos interesses de proteção da terra e da natureza.
Duas concepções foram
apresentadas na conferencia em relação a problemática ambiental: Campo
silvicultura e parques nacionais. Foram temas presente na formulação e discussão
de formas de proteção da natureza.
Conforme o autor os
conservacionistas pensando as alternativas de proteção a natureza, consideravam
áreas virgens livre de ocupação humana, outra corrente, os preservacionistas,
acreditavam em uma exploração racional dos recursos.
Observa-se o interesse e a
preocupação por parte dos intelectuais, cientistas, e formadores de opiniões,
em descrever a devastação e as iniciativas para proteger os recursos naturais,
o meio ambiente, a natureza. A cooperação entre os países (Roquette-Pinto) foi defendida
na intenção de unir as ideias e fortalecer os resultados na defesa da natureza.
As comunicações apresentados
no relatório da conferencia contemplam a educação, proteção a natureza, solo e
subsolo, flora, fauna, antropologia e Biogeografia, legislação e método. Foram
apresentadas respostas ao questionário oferecido aos municípios, no qual as
perguntas foram previamente distribuídas. Aconteceram votos, apelos e protestos
identificados pelo autor.
Embora
as tentativas dessa conferência de chamar a atenção do governo para importância
dos problemas ambientais causados pela ação humana, representam uma divisão de
aguas, não foram suficientes para atender as necessidades pontuais devido ao
descaso das autoridades competentes e aos interesses econômicos e políticos.
Percebe-se pelo texto que a beleza do país era admirada e ressaltada, floresce
o sentimento nacionalista e as ideias conservacionista se difundem.
O
autor procura evidenciar que as ações para a consciência ambiental estava se
consolidando em conferencias pelo mundo, e as criticas às politicas econômicas
eram manifestadas. Não foi diferente na primeira conferencia no Brasil. Vários lideres e formadores de opiniões criticavam na
conferencia as devastações que a natureza vinha sendo submetida no Brasil.
Congressos organizados e leis elaboradas internacionalmente eram citadas como
exemplo e auxiliavam à fundamentar os argumentos à favor da natureza. As
modalidades que ocorriam pelo mundo nos congressos eram voltadas para proteção
da natureza, aos congressos científicos e de silvicultura. Através de documentos oficiais divulgavam a legislação de
cada país na conservação da natureza.
A
comunidade cientifica intelectual e simpatizantes com a causa dos cuidados com
o meio ambiente, estavam nesse período
histórico mobilizados na ideologia preservacionista e conservacionista. Embora
em alguns pontos divergentes entre eles, as diretrizes de base são em favor do
mesmo objetivo.
Os termos da conferencia se
entrelaçam em educação e ações efetivas.
Como colocar em prática as ideias de proteção
e respeito pela natureza? Como iniciar o processo de conscientização social? Foram
pensadas algumas alternativas como reflorestamentos e evitar as queimadas. Através
da educação poderia ser ensinado como usar a terra de forma produtiva sem
comprometer o futuro. As crianças plantaram arvores como projeto pedagógico na
tentativa de incentivar os ideais dos cuidados com a natureza.
O autor evidencia que os projetos
não foram efetivados, mas que Roquette- Pinto observa que a criação do Museu
Paulista e o Jardim Botânico, foram importantes para o movimento.
Um artigo de Paulo
Roquette-Pinto, na época diretor do Museu Nacional, publicado, pouco antes da
Conferência, na Revista Nacional de Educação, chamava a atenção para o fato de
que a idéia de proteger a natureza vinha se impondo cada vez mais a todos que
“votam o valor imenso, para o homem, das belezas naturais e da maravilhosa
multiplicidade das espécies vegetais e animais”
Franco continua citando o
artigo de Roquette-pinto que recomenda ao governo a criação de parques
nacionais e centro de pesquisas, como as reservas naturais, poderia incentivar
o turismo e a possibilitar a existência de áreas intocadas.
Reflito sobre a importância
desse movimento, no qual tentava criar vínculos do governo com natureza e a
sociedade. Os primeiros indícios da tentativa de conscientizar da intima
relação entre natureza e sociedade, sugeri uma preocupação entre progresso e a
manutenção do patrimônio natural. Acredito que essa iniciativa da primeira
conferencia é uma das contribuições
significativas no pensar a problemática ambiental e abre precedentes
para a geração seguinte. Embora muito lentamente as ações vão se firmando e
consolidando a partir da formação de consciência ambiental. Cuidar para ter.
Maria
Cristina Pastore
Graduada
em Artes Visuais licenciatura
Pós
RS Rio Grande do Sul: Sociedade, politica e cultura
Aluna especial do Mestrado Profissional em História