O PALÁCIO DOS VIEIRA BRAGA DO SÉCULO XIX AO HOTEL PARIS DO SECULO XXI
Maria Cristina
Pastore[1]
Orientador:
Luiz Henrique Torres[2]
RESUMO: A presente pesquisa
desenvolve-se a partir de um estudo da história local e centralizado em uma
edificação, com o intuito de refletir a história do prédio estudado correlacionado
com a história da cidade. Busca refletir sobre as transformações urbanas, e
enfatiza a preservação do prédio denominado HOTEL PARIS, localizada à Rua
Marechal Floriano, 112, Rio Grande – RS. Nesta conjuntura, a investigação
contempla fatos demarcados pelo período de 1825 até os dias de hoje, os
diversos proprietários que investiram no hotel, bem como a iconografia da
época. Apresenta destaque para João Francisco Vieira Braga, o Conde de Piratini
como primeiro proprietário do magnífico palacete e evidência aspectos sociais e
políticos deste personagem histórico e do período em questão. Propõe reflexões
sobre as transformações que revelam múltiplos aspectos sócio-culturais da
cidade, do fator humano e da dinâmica espacial alterada em função do
desenvolvimento. A
escolha do Hotel Paris ocorre pela importância do prédio no contexto da cidade,
uma edificação com quase 200 anos de existência em perfeitas condições arquitetônicas,
o que possibilita debates sobre a preservação do imóvel e suas características
arquitetônicas. Para realizar a investigação, busca-se uma revisão bibliográfica
e realiza-se pesquisa em periódicos disponibilizados por bibliotecas virtuais on line, jornais locais na Biblioteca
Rio-grandense sobre o Hotel Paris e apreciação do contexto da época,
entrecruzando os eixos temáticos.
Palavras-chaves: Cidade do Rio Grande, Conde de Piratini, Hotel Paris, Vieira Braga.
Grandioso e escondido: Hotel Paris
A maioria da população ao
passar pela Rua Marechal Floriano, 112, na cidade do Rio Grande-RS, talvez não
reconheça a importância da edificação monumental que permanece com poucas
alterações em sua característica inicial, ocupando um espaço admirável no
urbano e na história.
O Hotel Paris atrai atenção
de quem visita a cidade, mas também dos pesquisadores por sua imponência
arquitetônica e seu valor histórico. O prédio de grande porte e evidência
social, e por se encontrar em perfeitas condições arquitetônica, propicia reflexões
sobre sua origem e atividade relacionada com o movimento da cidade.
Construir um olhar sobre a
história e o movimento da cidade depende das fontes acessíveis. Essas fontes muitas vezes se perderam no
tempo, e os registros dos fatos se encontram nas fotos, nos jornais, como um
quebra cabeça. A pesquisa investigativa cria condições para organizar esse
quebra cabeça da história cultural e social, possibilitando verificar se
existem relações entre o fragmento e a composição de um todo. Desta forma
pode-se compor um olhar sobre a cidade do Rio Grande, observando seu
desenvolvimento através das noticias de um jornal, por exemplo. Ou da ruptura e
continuidade de elementos que favoreçam uma abordagem investigativa, como o
Hotel Paris.
A escolha do Hotel Paris
como objeto de estudo deu-se devido à necessidade de reconhecimento do lugar de
história, dar sentido ao tempo de vivência social, cultural e política de um
prédio histórico no crescimento urbano. De acordo com Sandra Pesavento, (2008:4)
“a reflexão sobre o urbano”, sobre o Hotel Paris como um “núcleo antigo pode
fornecer referencias sobre o passado da urbe”. Para a historiadora:
A rigor, se
poderia dizer que cada cidadão escolhe seus pontos de atenção e referência para
se situar no tempo e no espaço urbano. Eu conheço um lugar, costumamos dizer,
implicando com isto que nos referimos a um recanto da cidade especial para nós,
que nos toca de maneira particular. Mas também podemos ter sido induzidos,
educados e ensinados a identificar lugares de uma cidade, partilhando das
mesmas referências de sentido, em um processo de vivência do imaginário urbano
coletivo. (PESAVENTO, 2008: 04)
O Hotel Paris mantém
surpreendentemente, características praticamente inalteradas. Portanto,
importante lembrar que falamos de memórias de um núcleo urbano e da história da
cidade, desta forma, permite um reconhecimento da importância da preservação
dessa memória. Conforme Lemos, (1987) a cidade é um bem cultural:
A cidade tem
que ser encarada como um artefato, como um bem cultural qualquer de um povo. Mas
um artefato que pulsa, que vive, que permanentemente se transforma, se
autodevora e expande em novos tecidos recriados para atender a outras demandas
sucessivas de programas em permanente renovação. (LEMOS, 1987: 45).
Em outras palavras, a cidade
ao se renovar, muitas vezes, necessita produzir espaço. A busca por espaços está
cada vez mais escassa. É a demanda contemporânea. Nesse sentido, com a intenção
de produzir espaço na cidade, com o ritmo frenético das alterações visuais da
paisagem urbana, o velho é visto como inconveniente, um obstáculo para o
crescimento e desenvolvimento da cidade. O que preservar, o que destruir?
Pesavento nos ajuda a refletir:
Ao longo dos
anos, cidades enfrentam dilemas, que presidem escolhas políticas: o que
preservar, o que destruir? Progresso e modernidade urbana implicam em mudanças,
onde se combinar construção e destruição. O que lembrar, o que esquecer? O que
se define como significativo e o que deve ceder espaço para que a cidade cresça
e a vida se transforme? No bojo deste processo, um outro se instala: o
movimento centrífugo de crescimento, do centro para fora e para os subúrbios, ameaça
a memória, produz o esquecimento, destrói os significados. (PESAVENTO, 2008:6)
.
Fig.:
01 Hotel Paris (foto da autora).
Para os projetos
imobiliários, um prédio em localização privilegiada, onde se encontra o Hotel
Paris, (Fig.: 01) no mínimo se apresenta como fator preocupante para o poder
público, pois a edificação em questão representa fonte de memória urbana e deve
ser preservada. Porém, com o descaso com as edificações antigas que vem
ocorrendo na cidade do Rio Grande-RS ou em outras localidades, a preocupação em
registrar a história deste prédio vem ao encontro da valorização e preservação
da memória urbana coletiva. Quais os rumos destinados ao palacete? Com as
transformações da paisagem urbana, o Hotel Paris tem se movimentado
paralelamente ao crescimento e na disputa pelo espaço, se atualiza e resiste
aos avanços urbanos da modernização.
Em um modo poético de ver,
durante sua existência, suas paredes presenciaram eventos assim como a cidade
presenciou acontecimentos. Nesse estudo, além de enfocar a preservação do
patrimônio histórico, o Hotel Paris permite um reconhecimento da importância como
um bem cultural, um patrimônio a ser conservado. Para refletir sobre o Hotel
Paris, se faz necessário localizar o contexto da época em que foi construindo o
prédio, primeiramente como residência depois como hotel.
Um
olhar sobre Rio Grande do século XIX
Os primeiros movimentos de
ocupação na região onde atualmente é a cidade do Rio Grande possuem como marco oficial
a datação de 19 de fevereiro de 1737, com o desembarque do Brigadeiro José da
Silva Paes e a instalação do Forte de Jesus Maria e José. Conforme TORRES:
O fundador,
governador e implementador de medidas colonizadoras iniciais foi o Brigadeiro
Jose da Silva Paes. Como ocupação oficial do Rio Grande do Sul português está
relacionada à chegada do Brigadeiro e sua frota naval em 19 de fevereiro de
1737, não apenas o município do Rio Grande faz aniversario nesta data, mas todo
o Rio Grande do Sul tem aí a sua data inicial de fundação luso-brasileira.
(TORRES. 2015:20)
Rio Grande sempre foi um
ponto de estratégia militar no extremo do Brasil alcançado pelo mar e por sua
barra de difícil acesso. Inclui uma rede hidrográfica em direção ao rio da
Prata e o povoado utilizava a navegação fluvial e lacustre para manter
comunicação com outros locais.
A vinda dos casais que
chegavam de navio com suas famílias com a esperança de novos tempos
impulsionaram o crescimento da cidade. Os primeiros casais chegaram em 1751,
aportaram em Rio Grande, com sua cultura e modo de vida, e conforme TORRES,
(2015:20), “Somente a vinda dos colonos açorianos em 1752”, vai modificar a
composição da população do povoado que era de maioria militar. A chegada dos
imigrantes representa a presença lusitana no estado do Rio Grande do Sul.
Muitos viajantes estiveram
na região e elaboraram com informações valiosas que possibilita compor o
cenário do Rio Grande do século XIX. De acordo com o viajante Frances Auguste
Saint-Hilaire que visitou Rio Grande do Sul entre 1820/1821: “Esta capitania é,
certamente, uma das mais ricas de todo o Brasil e das mais favorecidas pela
natureza. Situada à beira-mar, é atravessada por lagos e rios que facilitam os
meios de transporte”. (2002: 94).
As dificuldades iniciais relatadas
por Saint-Hilaire se referem ao clima, ventos fortes, e grande quantidade de
areias que acumulavam nos arredores das residências humildes e pobres,
entretanto, nessas condições precárias que a cidade encontrou sua ascensão. Para
o sistema governamental estavam sendo criadas fronteiras e era necessário que fosse
exploradas e resguardadas, nesse espaço o militarismo exerce seu poder. Para o explorador francês o povo de Rio
Grande vive continuamente a cavalo, fazendo exercícios violentos e respirando o
ar mais puro e sadio da terra.
O botânico Francês, com suas informações, suas
anotações e observações, conta a história social, econômica, cientifica e
geográfica, não só da cidade de Rio Grande, como muitas outras no estado do Rio
Grande do Sul por onde passou. Suas viagens proporcionaram anotações
importantes para a identidade do povo rio grandense, criando um documento
histórico.
Na ocasião de sua estadia em Rio Grande,
Auguste Saint-Hilaire é recebido no cais pelos membros da câmara todos em costumes
roupa elegantes e bengala na mão. Chegando à noite, percebeu a decoração do
cais, todo ornamentado, foi recepcionado em alto estilo, gala, e foi conduzido
a igreja, posteriormente, jantando na casa do Tenente General Manuel Marques de
Souza. Foi convidado para um baile, no qual ele comenta que estava monótono e
ninguém dançava. A cidade apresenta vento impetuoso durante todo o ano,
transportam uma areia fina que penetra nos imóveis mais fechados enche as ruas
e aterra as residências. O viajante Saint-Hilaire reconhece que a cidade devido
ao clima e ventos poderia ser abandonada, entretanto a alfândega exerce uma
importância política, social e geográfica que auxilia o desenvolvimento
econômico da região. Conforme Saint-Hilaire:
Ë provável que esta
cidade (Rio Grande) não possuindo verdadeiramente um porto situando-se em
terreno estéril e no meio de pântanos e ameaçada constantemente de ser aterrada
pelas areias seria possível digo eu que esta cidade fosse em breve abandonada
se não tivesse ai colocado a alfândega e não houvesse a obrigação de parar ai
transportar as mercadorias que desembarcam no norte (SAINT-HILAIRE 2002:70)
A cidade demonstrava em relação às condições
portuárias, a possibilidade de crescimento. Muitos eram os navios e embarcações
(Fig.: 02) que usufruíam deste comércio de mercadorias sob a influência da
cultura européia e transporte de passageiros das classes mais privilegiadas.
Fig.: 02 Área portuária de Rio Grande Década de 1900
(Google).
A
história da cidade do Rio Grande é repleta de importantes acontecimentos por se
tratar de uma cidade portuária e essa característica continua auxiliando no seu
desenvolvimento, pois a economia gira em torno do complexo portuário até os
dias de hoje. Com o movimento do porto os hotéis da cidade eram de grande
importância para a hospedagem dos negociantes, empreendedores e visitantes. Desta
forma surgem alguns hotéis que disponibilizam acomodações para as variadas
classes sociais. A cidade demonstrava em relação às condições portuárias, a
possibilidade de crescimento.
Hotel
Paris- a origem
Nesse contexto de crescimento econômico e
urbano que uma família, os Vieira Braga, estabelecem residência nesta cidade
construindo um palacete em 1825, que seria mais tarde o HOTEL PARIS. Uma
residência monumental para época, com muito luxo e requinte servindo de moradia
até 1890.
Na Biblioteca Rio-Grandense
estão guardadas lote de cartas emitidas por João Francisco Vieira Braga ao seu
capataz de uma das fazendas de sua propriedade. Conforme o conteúdo do lote de
cartas percebe-se que permanecia maior tempo em Rio Grande e fixou residência.
De acordo com Guilhermino
Cesar (1978:12) João Francisco Vieira Braga nasceu em Piratini-RS em 1793.
Filho de João Francisco Vieira Braga nascido na cidade de Nogueiró em Braga,
Portugal e Maria Angélica Barbosa nascida em Viamão. Casaram no dia 12 de
novembro de 1789 em Rio Grande- RS. João Francisco Vieira Braga (filho) casou
com Cecília Firmiana do Pilar, nascida em Rio Grande-RS em 23 de janeiro de
1802 (Viscondessa de Piratini). Filha de Domingos Rodrigues Ribas e Luzia
Firmiana do Pilar em 20 de novembro de 1819 em Pelotas. Conforme nota de
falecimento descrito no jornal Diário de Rio Grande do dia 23.11.1882, a esposa de João Francisco Vieira
Braga morreu em Pelotas (Fig.:03) conforme anúncio no Diário do Rio Grande.
Fig.: 03
Anúncio no jornal Diário de Rio Grande 23.11.1882
A família se faz presente no
anúncio na Gazeta do Rio de Janeiro de onze de setembro de 1819, pois consta
que D. Maria Angélica Barboza, viúva do Capitão João Francisco Vieira Braga,
mãe de João Francisco Vieira Braga, moradora do Rio Grande de São Pedro do Sul,
por Decreto de doze de agosto do presente ano, Sua Majestade concedeu que a sua
casa continuasse com antigo giro de negócio debaixo da firma de Braga, Viúva e
filhos. Nesta nota no jornal percebe-se que mesmo com o pai de João Francisco
Vieira Braga falecido, os negócios continuariam no mesmo ritmo. No entanto não
fica especificado em qual cidade (Piratini, Pelotas ou Rio Grande) em que a
viúva solicita a continuidade dos negócios. João Francisco Vieira Braga estava
com 25 anos.
O versátil homem de
negócios, (Fig. 04) estancieiro e político residiu por algum tempo no Rio de
Janeiro, viveu na estância São João, e dividia seu tempo entre a residência no
seu palacete na cidade do Rio Grande (CESAR, 1978:12), em Pelotas e na estância
da Música. Era amigo do Imperador D.
Pedro II, a quem hospedou em sua suntuosa residência
Fig.: 04
João Francisco Vieira Braga capa do livro “O conde de Piratini".
Exerceu a função de Juiz,
Tesoureiro de selo, agente de subscrição para aumento da Marinha de Guerra,
negociante hábil, estancieiro, vereador, deputado, alfandegário entre outros
cargos e funções. Com outros comerciantes, fundou em 1844 a Câmara do Comércio
do Rio Grande, primeira associação deste gênero na província (KLAFKE, 2006).
Auxiliava as campanhas de guerra (Fig. 05 e 06), doando alimentos e
importâncias em dinheiro. Tais fatos demonstram o prestígio e a influência política
e econômica de João Francisco Vieira Braga na cidade do Rio Grande e no Império
do Brasil. Em 1946 foi Presidente da Câmara do Comércio do Rio Grande.
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O
“Noticiador”[3]
publica em 03.01.1832 a seguinte informação: “Em 20 de Novembro de 1831, João
Francisco Vieira Braga se encontra entre os 75 distintos cidadãos que
instalaram em Rio Grande a Sociedade de Beneficência destinada a melhorar
as condições da classe indigente e desvalida”. Informação que corrobora para
analisar a influência do profissional polivalente na sociedade da época.
João Francisco Vieira Braga
residiu na cidade do Rio Grande, em seu palacete, por ele mandado construir (CESAR,
1978:22) dividia seu tempo entre a cidade e as estâncias. Contava com a ajuda
de capataz, homem de sua confiança que cuidava dos negócios do campo. Vieira
Braga conduzia os negócios de gado, de couro, mantendo controle das atividades
comerciais através de cartas trocadas com o seu serviçal. Conforme já
mencionado, as cartas se encontram na Biblioteca Rio- grandense (CESAR.
1978:23).
Recebeu os títulos (Fig.: 07)
de Barão por decreto de dois de Dezembro de 1854. Visconde por decreto de
29 de Dezembro de 1866. Conde por decreto de 20 de Junho de 1885. Era “Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro” e “Cavalleiro da Imperial
Ordem de Christo”. Conforme Archivo Nobiliárquico Brasileiro.
Fig.:
07 Archivo Nobiliarchico Brasileiro.
Fig.: 08 Plenário da Assembléia Legislativa (Porto
Alegre). Fonte: Memorial Legislativo.
De acordo com o Memorial Legislativo do Rio Grande
do Sul a Primeira Legislatura aponta o nome de João Francisco Vieira Braga como
eleito para a Primeira Legislatura
(Fig.: 08) em fevereiro de 1835.
A Primeira
Legislatura teve duração excepcional: o Ato Adicional (Lei nº 16 de 12/08/1834)
determinava o período de dois anos para as legislaturas, mas estabelecia ainda,
que a primeira duraria até o final de 1837, portanto, esta durou 03 anos. Em
1836 houve poucas sessões e, em 1837, somente os representantes do partido
Conservador se fizeram presentes, pois os liberais participavam da Revolução
Farroupilha.Depois deste período, a Assembleia Legislativa Provincial ficou
fechada até o final da Revolução Farroupilha. (Memorial Legislativo).
Conforme Bellomo, (2008:230) João Francisco
Vieira Braga o Conde de Piratini faleceu em 1887 e está sepultado com sua
esposa na cidade de Pelotas, no cemitério São Francisco de Paula. De acordo com o autor a sepultura possui
ramos de planta em relevo e a seguinte inscrição: “ Conde de Pirati e sua
esposa. 1887. Orae por eles!”.
No ano de 1890 muitos objetos da casa foram
colocado em leilão e o arrendamento do
predio para comércio no ramo da hotelaria iniciava com a administração do
senhor Francisco Secco e com o nome de Hotel Internacional. Até esse momento não
foram encontrados anuncios sobre a existencia do Hotel. Pode-se supor que a
partir dessa data a edificação inicia o processo de se tornar o Hotel Paris
como hoje conhecemos. Foram diversos proprietários que se alternaram na
administração do negócio hoteleiro.
Os proprietários
Na data de 24 e 25 de
outubro de 1891 os trâmites legais foram encaminhados para assinar a escritura
de arrendamento do Hotel Internacional e da estação Balnear (Villa Siqueira da Companhia
de Ferro Rio Grande Costa do Mar), pelo sindicato proprietário do Hotel
Internacional. Conforme, nota no Diário do Rio Grande de 1891, “a cidade do Rio
Grande nada deixa a desejar no gênero de hotel”. Por seu luxo e requinte estava
sendo considerado um estabelecimento a altura da aristocracia. A aristocracia e
os empresários do período não dispensavam o luxo e as tradições, o hotel na
época seria classificado como cinco estrelas. Recebiam visitantes que chegavam
de outras localidades em busca de uma ascensão econômica e os que desejavam
embarcar para outras localidades como o Rio de Janeiro, Montevidéu e Buenos
Aires.
Fig.: 09 Diário do Rio
Grande 18.12.1892
No Diário do Rio Grande nas
edições de 02 de julho de 1892 e 18 de dezembro de 1892 (Fig. 09) constam anúncios
que identificam o endereço D. Pedro II, 44 fundos com a Riachuelo e especifica
que existiam duas entradas uma pela D. Pedro hoje Marechal Floriano e outra
pela Riachuelo. O que pode ser constatado atualmente, pois ainda possui essa
característica.
O Hotel Paris encontra-se
localizado em uma região privilegiada da cidade, atualmente e na época. Consta
no Diário do Rio Grande de 18 de dezembro de 1892: “situado no melhor local
para o viajante”, pois ficava perto do cais e da estação Marítima da estrada de
ferro do Rio Grande, Southern Brazilian, para quem chegava do interior. Esta se
comunicava diretamente com estrada de ferro Rio Grande Costa do Mar por bondes.
Os bondes estacionavam bem na frente do hotel e como o centro comercial era nas
mediações do mesmo, esta localização privilegiada oferecia todas as facilidades
de locomoção.
Os quartos possuíam amplo espaço com bastante
luz e ar, luxuosamente mobiliados, em seu salão era possível recepcionar um
casamento, e havia um piano a disposição dos hóspedes. Sala reservada para
banquetes e conforme o anuncio do jornal da época: “existe um salão decorado ao
gosto britânico”. Contava com serviço de Buffet e as salas de refeições eram
asseadas e elegantes e bem decoradas, permitindo ao hóspede passarem algumas
horas deleitáveis entregue aos prazeres da mesa. Os banhos poderiam ser a
qualquer hora. Considerado o melhor hotel do Brasil, segundo consta no Diário do
Rio Grande na data de 02 de julho de 1892.
O estabelecimento
inegavelmente tem proporcionado a cidade do Rio Grande melhoramentos para
agradar a quem visita, para quem está em trânsito, ou a negócios, se hospedarem
com bom tratamento e conforto. Em debate sobre os estabelecimentos disponíveis
para hospedagem, o Diário do Rio Grande, publica um texto em que aborda os
hotéis que existiam. Os hotéis tinham vontade de servir, mas faltavam recursos
essenciais para ampliar. Ressalta que a chegada do Hotel Internacional preenche
essa lacuna. Interessante ressaltar que os proprietários do hotel tentaram
melhorar a higiene pagando do “seu próprio bolso”, construindo uma rede de
esgoto, porém encontrou oposição municipal.
O movimento marítimo era
intenso, muitos vapores, pequenas embarcações e navios transportavam
passageiros e mercadorias pelos rios e mares dos arredores de Rio Grande. Este
fato contribui para o crescimento da cidade e incentivava os hotéis serem de
primeira ordem.
Hóspedes importantes e
famosos utilizaram o serviço do hotel. Gaspar Silveira Martins (Fig. 10) foi
Deputado Provincial, deputado, presidente da província, ministro da Fazenda,
magistrado e político brasileiro, elaborou um discurso político inflamado na
bancada do hotel, chamando a atenção da população.
Fig.: 10 “A Federação”1892 - Discurso na sacada do
Hotel Internacional
Acredita-se que como em
todos os negócios existem as fases de prosperidade ou decadência. Não foi
diferente com o palacete da D. Pedro II, 44. Diante de dividas e para pagamento
de hipoteca, o magnífico prédio foi colocado em leilão (Fig.: 11). Consta anúncio do respectivo negócio no
jornal “A Federação” de Porto Alegre, do dia 13 de agosto de 1895 e anuncia sua
realização para 20 de agosto de 1895
.
Fig.: 11 O Jornal “A Federação” de Porto Alegre, do dia 13
de agosto de 1895.
Uma semana após o anúncio René Pascal resgata o prédio por 105:500$000.
Não foi encontrado registro que indicassem a origem e procedência do senhor
citado.
Dentro da linha sucessória de proprietários que tentaram administrar o
hotel foram encontrados dados sobre alguns homens que eram visionários e
empreendedores. O próximo empreendedor, possuía experiência em hotelaria, pois
em Florianópolis, Santa Catarina, atuava neste ramo com o Hotel Brasil.
Percebendo a possibilidade de grande empreendimento comprou o Hotel Internacional
e alterou o nome para Hotel Paris.
Walter Kleine nasceu em Magdeburg, (Fig.: 12) cidade alemã em
20 de julho de 1847 e morreu em Rio Grande 12 de outubro de 1900. O imigrante
alemão era proprietário de um hotel em Florianópolis (Fig. 13), no jornal
“Republica” e conforme o anúncio da venda do Hotel (Fig. 14). O negociante acreditou
no movimento do hotel e no crescimento da cidade.
Fig.: 12 Mapa da localização: cidade de nascimento
de Walter Kleine.
Fig.: 13
“ República”: jornal de Florianópolis 22 de novembro de 1896.
Fig.: 14 “República”: jornal de Florianópolis anúncio
dia 15 de maio de 1900.
Consta
no Almanak Laemmert:
Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) 1891 a 1940. (Fig. 15) e na propaganda
do Hotel Paris Ex- Internacional., no Guia Bemporat do Estado do Rio Grande do
Sul, (Fig.: 16) obra de consulta comercial tendo como diretor geral Achylles
Bemporat datado de 1906, o nome de viúva Walter Kleine. Também consta Walter
Kleine faleceu em 1900 (Fig.: 17) e a sua lapide está no cemitério protestante
evangélico da cidade do Rio Grande. Não foram encontradas até o momento
informações relevantes sobre a atuação de Walter Kleine.
Fig.: 15 Anúncio do
Almanak.Laemmert
.
Fig.: 16 Guia Bemporat
Fig.:16 Fonte: Fotografia realizada pela autora
Um novo momento de
transformações no cenário urbano tem como responsável o crescimento das
indústrias. Inúmeras se instalam na cidade e de varias segmentos comerciais, um
período de projeção nacional e internacional de Rio Grande. As mudanças da
virada do século proporcionaram novos horizontes para os investidores
individuais assim como para as indústrias que se estabeleceram na cidade. Com a
chegada de novas indústrias, o movimento do porto se acelera e a necessidade de
hotéis para ofertar aos viajantes, vendedores e compradores com condições
satisfatórias de estadia se acentua.
Por volta de 1910 o Hotel
Paris foi vendido para o Sr. Francisco Giacoletto, italiano de Torino, (Fig.:18)
nascido em 1874 e com 12 anos embarcou para América. Inicialmente morava em Buenos Aires e se
constitui como comerciante trabalhando em negócios de armazenagem e hotel. Em
1896 fixou residência em Córdoba durante seis anos. Ocupa-se de negócios de
comissão e consignação na compra de cereais e outras empresa, entre elas os carros
restaurantes da linha San Cristoval durante quatro anos. Esse ativo comerciante
foi adquirindo experiência e gozando de excelentes relações econômicas e
sociais. Chegou ao Rio Grande do Sul em 1907, com o cargo de fornecedor de
carne para a população e a empresa dos carros restaurantes através de um
contrato com a viação Férrea.
Fig.18 0 Sr.
Francisco Giacoletto (Monte Domecq).
Nesse período, ao término do contrato com a Viação
Férrea, fixou residência em Rio Grande. Com sua visão comercial, observou no
hotel Paris ex- Internacional, a possibilidade de um comércio lucrativo. (MONTE
DOMECQ e Cia. pag. 377). Sob sua competente direção o hotel passou por uma
reforma completa. Nesse ano é
considerado o único hotel de classe e seu proprietário exerce rigorosa
fiscalização, o dirigindo pessoalmente. Com suas relações comerciais pelo
mundo, ele importa diretamente da Europa todos os artigos de consumo do hotel
principalmente da Itália e Portugal.
No
Almanak Laemmert (Fig. 19) consta o levantamento dos hotéis do ano 1914 em Rio
Grande. Nesta época, o hotel possuía quartos confortáveis e bem ventilados,
banhos frios e quentes toda hora, para senhoras e cavalheiros, grande sala de
jantar provida do necessário para uma refeição completa e serviço de qualidade.
Fig.:
19 Fonte: Almanack Laemmert
Administrativo, Mercantil e Industrial 1914.
O empresário com visão
comercial não se contenta somente com o hotel da cidade. Procura outras opções.
Entre as possibilidades adquire a concessão do hotel Casino em 1912. Estação balneária próxima da cidade que desde
26 de janeiro de 1890 inaugurou a primeira temporada de veraneio nas areias da
praia chamada nessa época de Villa Siqueira. Era costume para as famílias mais
tradicionais e distintas e outras vindas de varias localidades, reunirem-se e descansarem
nas areias da praia. Possuindo muitas outras distrações como cavalos, carros
para passeios e excursões proporcionando horas agradáveis com todo no conforto.
O hotel Casino contava com 114 quartos e oferecia diversão como bailes e jogos
familiares. (Fig. 20)
Fig.: 20 “A
Federação” 2 de dezembro de 1915
As imagens do interior do Hotel Paris
demonstram a beleza e o requinte nos detalhes e no atendimento. (Fig. 21 e 22)
que fez com sua fama se espalhasse por todo o Brasil.
Fig.
21 Interior do hotel em 1910 (Monte Domecq).
Fig.
22 Interior do hotel em 1910 (Monte Domecq).
Atualmente o hotel possui duas estrelas que
representam sua categoria, mas seu valor histórico é de uma constelação. Venceu
o tempo e o descaso. O atual proprietário, desde 1966, é Luiz Carlos Firmino
Hilário. Seus pais, Firmíno Hilário e Francelina Hilário, comerciantes, vieram
de Avança Distrito de Aveiro, Portugal. Possui uma rede de hotéis que inclui
uma construção moderna na Rua General Neto, denominado Vila Moura, de alto
requinte e para pessoas exigentes.
O prédio do Hotel Paris foi tombado pelo
Patrimônio Histórico em 1986. Somente com a autorização do IPHAE se pode
requerer alvará para reformas, desta forma se evita a descaracterização.
Atualmente seu proprietário tenta manter o hotel funcionando de forma a
garantir a estrutura original.
Considerações
finais
Os
fragmentos aqui apresentados (imagens e recortes dos jornais) respondem aos
desdobramentos que a edificação do Hotel Paris representa para a história da
cidade. Nesse trabalho, de forma sintética, refletimos sobre as condições que
contribuíram para a sobrevivência de uma edificação considerada um palacete em
1826 e em 2017 ainda resiste às seduções da modernidade. Observamos um hotel
que ainda se mantém estruturalmente intacto, mesmo com o desenvolvimento urbano
da cidade e as alterações sofridas com o tempo. Passou-se a considerar o hotel
como núcleo centralizador dos processos históricos observados. Desde a
construção como residência, quem construir e qual o seu envolvimento com a
cidade, até a alteração para hotel e em que contexto histórico se insere as
mudanças.
Assim
como a história de um mar envolve seus usuários, ribeirinhos e pescadores, o
hotel envolve pessoas que convivem e vivem experiências diversificadas e nesse
contexto o hotel é elemento aglutinador e como já foi dito, centralizador Os
hóspedes, os proprietários, os que entram e saem, e os que observam são os
construtores dessa história, indivíduos que ocupavam e se relacionavam com o
lugar e a cidade.
Desta
forma, a pesquisa tentou construir uma ideia de tempo cronológico, desde João
Francisco Viera Braga como primeiro proprietário do palacete e os demais
proprietários que com suas personalidades emprestaram ao hotel, a energia, a
vitalidade e a persistência. Através das informações encontradas nos jornais pesquisados
percebe-se que cada um deles, à sua maneira, tentava resolver os problemas para
a sobrevivência do negócio e buscava alternativas para seduzir os hóspedes.
A
edificação permitiu pensar o movimento urbano, os diversos proprietários, as
estratégias de sobrevivências, os hóspedes famosos, e como se manteve praticamente
inabalado com o crescimento da cidade. O hotel se apresenta como um conjunto de
elementos que se integram com a cidade, como um núcleo central de constatação
histórica. Possibilitando, desta forma, desenhar uma pesquisa que se desdobra
entre as histórias dos proprietários, da cidade e o Hotel Paris.
A
pesquisa evidenciou o Hotel Paris como lugar de memória da cidade, lugar que
instiga novos saberes, entendimentos sobre a história local a partir do lugar. Mas
pode-se inferir que com todas as transformações ocorridas nestes quase 200
anos, o hotel se apresentou como espaço privado/público, pertencente a todos. Acredita-se
que este trabalho contribua com a reflexão sobre as edificações antigas e a
preservação das mesmas atribuindo sentido e ressignificação ao lugar.
Além
de proporcionar possibilidades de pensar ações protecionistas, pois a questão é
complexa e apresenta-se em aberto. A paisagem que se configura são prédios cada
vez mais esquecidos e portadores de histórias a serem reveladas. O olhar sobre
a cidade nos mostra a realidade contemporânea, por isso a história de um Hotel,
embora sofrendo pouca interferência humana na sua estrutura, foi pesquisado
como uma forma de registro histórico conectando os eixos temáticos: cidade,
hotel e indivíduos.
Considerando
o que foi investigado constata-se que existem desdobramentos para a pesquisa
aqui apresentada, outros caminhos poderão ser percorridos e revisitados.
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[1]Acadêmica de
Licenciatura em História FURG, Licenciada em Artes Visuais FURG, Especialista em
Rio Grande do Sul: sociedade, política e cultura, FURG. Mestre em História.
FURG.
[2]Doutorado em História
do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
(1997). Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande , Brasil.
[3] “O Noticiador foi um jornal brasileiro e o
primeiro jornal editado
em Rio Grande, fundado em 03
de janeiro de 1832.