Este memorial tem como objetivo especificar a trajetória acadêmica
formativa estabelecendo relações com a vivência em sala de aula escolar e
universitária. Demonstra sobre o aprendizado que o curso de artes visuais oferece
durante esses quatro anos, permitindo explorar futuras possibilidades
decorrentes dessa trajetória.
Buscando na memória subsídios para o exercício de escrever as lembranças
passadas, demonstro nesse memorial, experiências, aquisições, momentos únicos,
tristezas e angustias que fazem parte da constituição do ser humano e
principalmente do profissional em formação, e nessas lembranças percebo a
intensidade e rapidez como foram vividas.
“30 anos sem
estudar, nessa ocasião com 47 anos, sentada naquela cadeira, junto com 65
alunos de todas as idades, eu era a pessoa mais velha daquela sala de aula.
Isso assustava. Medo, insegurança, angustia e euforia, são alguns sentimentos
nesse dia. As apresentações começaram, eu deveria falar para todos, pensei
varias formas, quando chegou minha vez, quase que minha voz não é ouvida.
Timidez me faz calar.
Termina a
aula, quero mais!Como disse a professora Rita, somos privilegiados. Eu sou
privilegiada, resgatar um sonho de 30 anos não é tarefa fácil.
Estava
eufórica e a sensação é de que poderia voar. Flutuava. Não acreditava que havia
chegado minha vez! “Eu estava na Universidade com 47 anos iniciava uma nova
fase na minha vida.” 2009- Primeiro dia de aula.
Introdução
Refletindo sobre esse primeiro dia, percebo a importância de enfrentar os
medos e a insegurança. Estava propondo uma forma de vida diferenciada,
participaria de um universo completamente diferente do que ate o momento estava
experimentando. Expectativa de ter um futuro era o que acreditava quando
ingressei na Universidade Federal do Rio Grande continuo acreditando.
O primeiro ano foi de experimentação, observações, aguardando
oportunidade de trabalho voluntário ou remunerado, conquistando espaço
demarcando território. Na aula da professora Rita é comentado sobre os
fundamentos sociais da arte e da educação, que seriam de despertar no individuo
capacidade de formação de “ser” professor e formação de “ser” artista. Com esse
discurso, eu estava no caminho certo, afinal, eu queria aprender a “ser”
artista.
Ingressei em 2009 na Universidade Federal de Rio Grande, FURG no curso de
Artes Visuais Licenciatura e Bacharelado. O primeiro ano as disciplinas são
núcleos comum, ou seja, somente a partir do final do segundo ano, quarto
semestre, o acadêmico decide definitivamente qual a carreira que deseja seguir,
bacharelado ou licenciatura.
Com o decorrer do ano, leituras, exposições, foram transpassando,
cruzando, com minhas prioridades e meus interesses. Notei que começava a surgir
uma nova perspectiva: a arte educação. Demorei a entender esse termo, que para mim
era novidade, conhecia como ser professora de artes ou educação artística, mas
a universidade estava aberta e interessada em desvendar o conhecimento, eu
estava interessada em
adquiri-lo. Estava saído da caverna de Platão.
Ainda em 2009 o envolvimento com o projeto Brinquedoteca como bolsista voluntaria,
e o BIPID bolsista remunerada no inicio de 2010, etapas fundamentais para a decisão de tornar-me arte
educadora. O momento de viver a licenciatura acontece por pura casualidade,
porque até então, tinha a forte convicção que estaria na universidade para
cursar o bacharelado em artes.
Vários desafios pessoais durante o inicio do curso foram superados, teria
que escolher entre trabalhar ou estudar. O curso de período integral trouxe
algumas preocupações.
Ao conhecer as alternativas de bolsas e os programas de
incentivo que o governo e a universidade permitem ao acadêmico, projetos de
extensão e pesquisa, conclui que poderia usufruir dessa condição para continuar
estudando.
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